Thursday, June 26, 2008

Flâneuse

Viciada em ler horóscopo. E ao mesmo tempo cito Cortázar em “Bestiário”. Atrações irresistíveis, a incorporação da baixa e da alta cultura, oh lala...
Vamos às citações:

“Estábamos bien y poco a poco empezábamos a no pensar. Si puede vivir sin pensar.”
Meu desejo para a noite de ontem.

“Porque a mi, a la lejana, no la quieren.”
Dispensa explicações.

“ ‘Vôtre âme est un paysage choisi.’”
Toujours.

A alta e a baixa cultura en moi même e na minha cama. E não é o equilíbrio perfeito. Pela primeira vez me senti bem ao ler que o amor é breve.

Moda: cultura desprezada, ou nem mesmo cultura. Um blazer de veludo no lugar da camisa do Interpol. Saio do elevador para o hall do prédio. Sinto o cheiro dele. Aliás, mesmo antes, ao descer as escadas de meu studio ou chambre de service. Mas o todo se forma à saída do hall do elevador. É um cheiro limpo embora francês. Como se imergisse em uma nuvem de limpeza de alta classe (os mármores e maçanetas douradas, tapetes persas compõem o cenário). Como já consigo identificar seu cheiro? Impregna. Assim como a cocaína, no meu caso, da baixa cultura. Sim, o cheiro impregna. E só o identifico quando o sinto. Num hall de prédio chique de Paris.

Cortázar: alta cultura. E o retomo, junto a minhas memórias, posto que já senti o frio de Budapeste. E quem mais... O castelo de Buda à noite, sob chuva. Sem neve. O frio é bem mais suportável que o de Paris. Uso um vestido branco, botas e meias de lã. Alina idealiza. Sou menos personagem. Mas só então.