Tuesday, August 18, 2009

Sem licença poética

Um diário cru. Sem trocar hoje por ontem e sempre e vice-versa, vice-versa. Eu por ela por ele por eles pela ausência (que se assume definitivamente com minúscula).

Lição 1 – prática epistolar:

Hoje fui ao consulado. Por algum estranho motivo, sempre sou bem tratada por lá. Finalmente vi a Virada Russa. Detestáveis guardinhas do CCBB que não deixam tirar foto para usar de papel de parede no celular. Gostei da Natalia Goncharova, que não conhecia. Finalmente fui buscar a carteira de motorista. A foto ficou incrivelmente boa. Poderia ser sempre assim. Terminei um dos livros ontem. Falta a metade de outro.

Queria contar várias coisas. O show do Yann Tiersen nas cercanias parisienses no dia do seu aniversário. Estarei lá sozinha, estendida na grama, sol na cara e um cigarro na mão. La dolce vita. Ouvi pela primeira vez The Bird and the Bee. Altos muito altos e baixos muito baixos. Polite Dance Song. Clipe totalmente lynchiano. Encontrei amigos que não via há anos no show de sábado. Trocamos figurinhas sobre música, projetos, trabalhos, amigas com crises de ciúmes que beiravam o surrealismo.

Cheguei à conclusão de que minhas histórias da última temporada no Velho Continente vão de Buñuel a telenovelas mexicanas.

Lá aprendi a esconder quase bem minhas feridas. Ganhei mangas compridas permanentes sobre meus braços. Parei de escancará-las, enfiar os dedos lá dentro e esfregar o sangue por todo o corpo do outro. Hoje, no máximo, quando goteja, dou uma lambidinha. Gosto do sabor, é inegável.

Você sabia que já fugi para Paris fantasiada de Ingrid Bergman?

Continuo achando “Os Sonhadores” uma merda e o Louis Garrel, pelo menos nesse filme, não me faz mais Oh-la-la-la-la...

Tenho a impressão de que os verdadeiros escritores nunca terminam suas cartas com as formalidades conhecidas.

Só assinam.