Thursday, January 13, 2005

Às Meninas Mortas

Para Ana C. , a verdadeira (?), mas não a única (.)

Moça, não me cai bem lembrar de você saindo pela porta do quarto sem arrastar uma ponta de lençol ( e seus cabelos molhados... ) enquanto éramos uma farsa. E não era um hotel barato, embora como sempre houvesse se decidido em cima da hora e nossas bocas fossem outras, ainda que as mesmas línguas, íntimas desde as iniciais dos nomes e as assinaturas se confundissem como autobiografia mal disfarçada. Bebi a água nada fresca do copo ( o único que havia ) marcado pela falta de batom ( o excesso sempre fica nos olhos ) e relembrei como detesto seu cheiro e que sua pele é áspera e morena. Parecia haver apenas minutos desde que piscara com sono e a vira deitada a meu lado, mas o sol entrava forte e devia ser cedo demais.
Agora havia uma luminosidade baixa, uma hora da tarde, talvez. No entanto, já escreveste todas as minhas palavras: a única coisa a fazer é voltar a dormir.