Friday, April 29, 2011

Marcas de guerra

Maria nunca foi italiana. Mas aparentemente teve um amante por lá durante a Segunda Grande Guerra. Não se sabe muito bem como.
O fato é que em vez de uma marca de bala ou estilhaço de bomba, foi ele quem deixou-lhe uma cicatriz. Daquelas no rosto, que quem assite filmes europeus com ares hollywoodianos (o que já constitui uma espécie de gênero cujo nome não me ricordo) sabe o que significa.
Seu grande problema é que na época ainda nao existiam cirurgias plásticas que resolvessem a questão.
Talvez cobrir a pele da face com laca. Como certa Tsarina russa. Pas mal.

Wednesday, April 27, 2011

Em caso de necessidade

Ofereço minha ajuda.

Laura deixou um texto incompleto. Mas também esclareceu que continuaria em breve.
Quase deixei-lhe uma curta mensagem: caso mude de ideia, entre em contato. Sou sempre portadora de pontos finais.

Tuesday, April 26, 2011

Chernobyl

No ano em que nasci, explodiu o reator de uma usina nuclear no leste da Europa.
Uma nuvem tóxica provocou a evacuação da região e o surgimento de cidades-fantasma.
Eram cidades cuja população jovem incluía muitas crianças. Vários moradores morreram nos anos que se seguiram, outros conviverão para sempre com percalços causados pela radiação.
Jamais estive próxima a uma área de contaminação nuclear.
Mas nasci em 1986.
Pergunto-me se a nuvem radioativa não teria se espalhado por áreas muito mais distantes do mundo.
Assim eu poderia justificar.
Assim poderiam aceitar.
Mas até hoje, tenho a impressão de que todo o ar que respiro intoxica.

Monday, April 25, 2011

Que surja e que surte efeito

Nunca me preescreveram os analgésicos de que precisei quando quebrei o braço. Não fiz a fisioterapia que diziam resolveria a questão. Mas meu braço não dói mais, mesmo assim. A dor física vencemos com uma facilidade quase impensável. Mas os ansiolíticos também não surtem efeito e não tenho perspectivas de que me preescrevam os antidepressivos.
E as dores repetem-se intensas a cada palavra dele, a cada imobilidade diante do teclado, a cada sílaba não escrita nessa língua estrangeira.
A cada vez que lembro não pertencer a história alguma.
Que noto que a cidade está aqui, e esperava-me.
Pronta para que eu respire seu ar enquanto provoco novas dores superficiais no braço esquerdo.
E qual será o McGuffin dessa saga? Não soube até hoje e jamais saberei.