Thursday, February 24, 2011

Analgésicos

Quebrei o braço na Romênia. E poderia ser qualquer coisa, nunca tivera que colocar gesso até então. Nunca quis tanto un analgésico que não me deram.
Noto agora que para mim é como caminhar à noite pelas ruas próximas à minha casa. Lá penso em escrever. Diante do teclado, bloqueio.
Penso em dizer a ele sobre os traços comuns do complexo de escritora no Brasil e por que desisti. Ele ainda preserva uma inocência exagerada e europeia. São tantas as palavras. E esqueço os clichês em sua cidade preferida (ao menos era nisto que pensava ao caminhar).
O vento de Paris quando não está frio pode ser quase agradável. Infelizmente, devo admitir. Assim como o fato de que gosto de dias frios e ensolarados enquanto eles gostam do cinza (no céu, que fique claro, piada besta).
Nem sei mais o que pensava enquanto estava caminhando. Criticaria as fãs de Clarice mas me reduziria a uma candidata a embuste.
Terminaria o texto com
Bucareste.

Wednesday, February 09, 2011

absence. entreato, fim de ato.

Hoje pensei numa historia nova. Que requer pesquisa em astrologia.

Ainda e cedo para tornar inteira.

Eu insisto na pele. Sabendo a nao-reacao.

Ainda menos acentos. O teclado nao sei de onde vem, talvez ingles, nao e meu. Mas que diferenca faz quando nao se quer lingua alguma?

Desejo um sotaque indistinto. Que ele nunca conhecera. Afinal, nada quer saber da minha pele. Imaginem um tempo verbal futuro.

Sempre insisto na ausencia. Revelo na esperanca de. Nem sei. Mas revelo. Nao sei guardar segredos sobre mim. Defeito incontornavel.

Ele nao desejara me ver amanha, antes de partir para nunca mais. Inerte. E eu continuo tentando, inutil. E nem sei por que.

(ou talvez saiba bem demais)

Saturday, February 05, 2011

Manter o silêncio, superstição

Ponha-se em seu lugar.

Sempre é a resposta que não tarda ao romper o silêncio; não sinta aquela pontinha dourada pinicando o pulmão, que alguns interpretam como sinal de felicidade vindoura.

Rompi o silêncio e mais uma vez a velha logica repetiu-se. Para lembrar-me de que é inescapavel. De que a insignificância é. Apenas é. No presente, pois futuro e passado sempre a este se assemelham.

E sempre como ao conhecer novos amigos, o entusiasmo cede cedo demais espaço à realidade.

De que por mais que tente, não se recebe em troca o que se da.

Este mistério não existe. Superstição boba. Que faz manter outra, a do silêncio.
Que imaginara rompida. Que pensara sem sentido.

Os dois lados do realismo.

Mesmo ao se declarar amor pensando não querer nada em troca. Mesmo imaginando ter a certeza de que a queda fora barrada por uma camada macia de neve.

Engolindo seco, mais uma vez, e para variar, tão rapido. Esperança de engano, de reação.
Superticiosa. Conhecendo a inutilidade de.

Uma ultima tentativa.

ainda o teclado francês.

Friday, February 04, 2011

A leste, em Bucareste

Perdoem a falta de acentos. O teclado é francês.

é cinza. os prédios seguem linhas retas. ninguém tira a neve das ruas. da para patinar no gelo nas calçadas, usando botas de borracha. os vira-latas não se importam.

a sensação térmica pode chegar a - 22C. o céu esta sempre azul. o sol não esquenta.

a lingua é latina, mas não se parece com algo que ja se tenha ouvido.

e eu estava com tanto medo. uma menininha acuada mordendo a barra da saia cor-de-rosa. com medo, pois no fundo eu sabia.

eu sabia que tudo voltaria a se repetir. o frio na barriga. a ansiedade. a vontade não correspondida. as lagrimas engolidas a seco. todos os clichês.

e eu não suportaria uma vez mais. não resistiria a mais uma velha decepção, mais uma promessa não cumprida.

mas sempre ha aquela força louca puxando-me ao abismo. com todos os clichês.

e ela ali, sim. sempre.

e agora agradeço a ele pr todas aquelas marcas. pois foram elas que me deram estas, ha quatro dias, em meus braços.