Thursday, July 17, 2008

Aspas francesas

Jogando merda no ventilador. Pequenas agressões, raiva momentânea exposta. Sim, muito menos grave do que as explosões de ódio e sexo do année dernière à Rio. Não consigo ler nada datado de 2007. Criei uma espécie de horror a jornais e revistas daquele ano.
Eu poderia ou deveria ter criado aversão. As heranças foram doenças físicas e não psicológicas, agridoce ironia do destino.
Agora acordo com um pânico de nada no meio da noite. E não há mapas ou guias de ruas que me ajudem. Ou encontros casuais com aqueles que te cercam.
E hoje sei que é perfeitamente possível que eu passe dez anos sem esbarrar com você, ainda que freqüentando os mesmos lugares. O Rio é uma província, mas para mim às vezes torna-se realmente uma cidade de dez milhões de habitantes. E um desses “às vezes” pode ser agora.

Wednesday, July 16, 2008

Dor nos ombros

Ainda não tive coragem de abrir minhas gavetas e sofro com um sono sabotador. Vigiada por câmeras invisíveis.
Por que você me joga assim nos braços dele? Tudo bem, no fundo você sabe que ele também não irá me ver, logo, nada acontecerá.
Ignore list.
Há uma vaca, uma tartaruga e um camarão caindo do céu de Kandinsky.
Fui aos principais museus do mundo e não prestei atenção aos Schieles.
“Tu aimes bien les surréalistes?”
Affiche : « Si tu aimes l’amour, tu aimeras le surréalisme. »

Tuesday, July 15, 2008

Breves máximas de viagem, vol.2

Neste país, todos os sapateiros e chaveiros são judeus. Fechados aos sábados.

“Este é um tipo de incenso que uso na minha casa lá em Paris.” Como será que ela vai reagir quando eu disser diante de toda a família que tenho uma casa que não é a dela?

Pico de criatividade. Cocaína.

Arrumar a casa para o último amigo. The final straw.

Sempre perdôo. Fecho os olhos para a traição. Mas meu sincero pedido de desculpas e meu arrependimento serão sempre parte da minha traição. Nunca me permitirão entrar na roda, essas meninas de tranças, saias ligeiras e mãos dadas.

A solidão em Paris é dura. E tentamos contornar nos tornando os parisienses que jamais seremos e nos tornando elegantemente egoístas.

Coloque a culpa em mim. Eu sei que foi sua, mas se te faz sentir confortável, laisse tomber. Eu sei perdoar e você não.

Breaking the waves. Dogville. Os temas de Lars Von Trier se repetem. E paga-se a conta mais alta pela ingenuidade de ser boa.

Viciada em ler horóscopo. Mas eu adoraria poder chamar isso realmente inferno astral. Placebos: astrologia, remédios, maconha, um desenho.

Hoje alguém se matou na linha 12 perto da estação Concorde. Cada cidade possui sua modalidade típica de suicídio. Embora haja todo um glamour em torno de se atirar da Pont Neuf ao Sena, a preferida dos parisienses se dá no metrô. E tenho uma curiosidade mórbida de ver alguém fazê-lo. Mas a linha 12 passa por Concorde?

Preciso desesperadamente voltar às terras européias.

Coisa de português. A piada sempre faz sentido.

Escolhi ser estrangeira. Um passaporte ajuda, mas não cura. Quanto mais estou familiarizada com um lugar, mais ele me incomoda.

Tenho uma privada elétrica em casa. E a merda jorrou quando ele apareceu por lá. Na semana anterior o outro havia empesteado meu banheiro com perfume francês.